Jogo História sem fim, 2023
Acrílica e lápis de cor s/ 24 cubos de madeira de 10 x 10 cm, sobre mesa de madeira de 160 cm de diâmetro.
As múltiplas cenas são manejadas pelo público que é convidado a deslocar elementos da narrativa, permitindo-lhes elaborar as suas próprias histórias.
Trabalho apresentado na exposição individual CASA VIVA, que aconteceu em setembro de 2023, em Carpina, Pernambuco, Brasil
BREU (2015 - 2024)
Caminhar pelo desenho, observá-lo e, simultaneamente, ser parte dele, em que o dentro e o fora se entrelaçam indistintamente e eternamente pela renovação da vida, lugar de sonho e trabalho.
WIP Dama da Noite, 2022
OUTROS ESQUEMAS DO CORPO
Ferramenta de mediação de mundos internos. Digerir, ruminar ou regurgitar emoções e histórias que acontecem dentro de uma silhueta. O interior imaginado dá vazão às memórias que o corpo carrega, trazendo questões espirituais e de saúde integral, reunindo o social, o político e sobretudo o existencial.
Um corpo desenhado é um corpo vivo.
DEVANEIO DA TERRA, 2022-2023
Captar dinâmicas sociais e familiares sob o ponto de vista de um pássaro.
É referência uma miríade de histórias relacionadas ao trabalho no campo, à violência de gênero e às dinâmicas de ocupação da terra. As fontes desses relatos são mulheres agricultoras, tanto de sua linha matrilinear quanto de encontros e pesquisas realizados em seu estado, Pernambuco.
A série revitaliza a relação entre a mulher e a terra ao entrelaçar noções de propriedade, justiça, dignidade e alegria.
FÁBULA (2016 - 2023)
Prospecção estratigráfica Casa Viva, 2023
Prospecção estratigráfica Casa Viva 1, 2 e 3.
Desenhos que revelam antigas camadas de pinturas de paredes de uma casa centenária.
Desenho realizado numa sala de memórias com fotos e cartões postais antigos: objetos de reencontro no espaço-tempo.
ÍNDIA, 2023
Uma instalação sonora realizada com a colaboração de João Tragtenberg.
A Escrivaninha contém quatro sons que são disparados na medida em que é manuseada ao abrir as gavetas. Cada compartimento abriga o som de uma memória associada a um dia chuvoso ouvindo um piano tocar e uma mãe cantarolando.
Zona da Saudade da Mata Norte
Zona da Saudade da Mata Norte e a experiência do sagrado trabalho cotidiano do corpo.
por Bruna Rafaella Ferrer
A pintura em acrílico e lápis de cor sobre madeira se apropria formalmente da tradição da arte religiosa dos retábulos, que são painéis multiformes normalmente posicionados no altar de templos com objetivos didáticos e espirituais de ajudar os devotos a alcançar um estado de comunhão com o sagrado. No entanto, em contraste com as representações encontradas na arte retabulística de diferentes religiões, como o cristianismo, budismo e hinduísmo, a pintura de Juliana Lapa apresenta uma cena terrena e onírica. Nessa paisagem, não encontramos deuses, santos ou anjos, mas sim imponentes e fantásticas figuras femininas que emergem do solo montanhoso, compartilhando o espaço com miniaturas de trabalhadores do corte de cana e brincantes em uma grande ciranda, vivendo entre vales e uma vasta vegetação.
No pináculo central, onde na iconografia cristã geralmente se exibe imagem de Deus ou de Cristo, depara-se um varal de lençóis brancos, com um deles ostentando uma mácula vermelha bem no meio. A Zona da Saudade da Mata Norte sugere o comprometimento da artista com um ato de fé relacionado ao trabalho cotidiano, desde a lavagem das roupas até o cultivo da terra. No entanto, o cerne dessa pintura cultua e celebra o corpo e seus ciclos. O corpo que trabalha, o corpo que dança, o corpo que cuida, o corpo que sangra, o corpo que descansa, o corpo que cai. A terra em carne viva.
Gente Semente, 2022
Autorretrato grávida, 2021
Corte, 2021
Retrato de memória, 2021
Energia, 2020 - 2021
Sangria, 2020
O corpo físico, mediador de nossa consciência com o mundo sensorial, é corpo de impacto;
Os buracos e as rupturas do tecido da pele, são como portas que se abrem, brechas, fendas para o interior que nos colocam em estado emergência diante do sangue, das vísceras e do dentro imaginado.
Aqui, figuram nestes corpos, as histórias emocionais e coleções de acontecimentos que ainda sangram, magoam ou que são incicatrizantes. A agonia, a laceração da alma, dores urgentes que requerem processos específicos para cura.
Existe, no exercício dos trabalhos, a mutilação ou automutilação para falar da dor emocional (pessoal ou coletiva). A violência pode vir como um desdobramento do sentido primário que as imagens evocam ou na elucidação de mundo no qual esses corpos, em sua maioria femininos, transitam.
Colocar o dedo, remexer, abrir, expor essas feridas como um ato de consciência perante a dor, sendo este o primeiro passo para a cura. Os processos de cicatrização natural do corpo e suas defesas contra as bactérias e microorganismos concebem visualmente os mecanismos de defesas psíquicas diante da dor emocional e suas modalidades.
Onde está o coração? 2019
Por Josué Mattos:
Experiências vividas por Juliana Lapa na ocasião em que acompanhava sua mãe em uma cirurgia de ponte de safena. Na ocasião, a artista perguntou a sua mãe onde ela sentia o coração pulsar. Outras pacientes do hospital também foram interpeladas. Sua mãe apontou para o estômago. Houve quem o identificasse nas costas, na cabeça, na garganta. O evento levou a artista a conformar narrativas iniciadas anos antes, com a série, intitulada, Outros esquemas do corpo. Em especial, Lava (2016), obra cuja narrativa imaginava percursos internos que sedimentavam experiências vividas por sua própria mãe, pareceu, naquele momento, responder ao fato de a artista imaginar o coração presente em diferentes partes do corpo.
"Ela apontou para onde seria o estômago e isso me remeteu a ideia do coração que digere as emoções e a noção de saúde integral. Saude do corpo, da mente, do espírito, saúde social. "
Pequenos espaços de paz (2019)
Sorte, saúde e felicidade (2019)
Projeto de viagem e pesquisa (para livro em produção) em 5 cidades do interior de Pernambuco para encontrar mulheres, hortas e histórias.